Eu, hoje, represento a loucura.
Quero tentar desenhar igual, escrever igual, fazer igual: igual a tudo que eu já desenhei, escrevi e fiz. Impossível. É como tentar viver igual a um episódio já vivido. É como tentar sempre mergulhar na mesma onda da praia, lavar o rosto com a mesma espuma, ser esquentado pelos mesmos raios de sol e refrescado pelo mesmo vento. É como querer ligar a TV e assistir sempre ao mesmo capítulo da novela. É como ver o mesmo segundo da cena do filme, ler a mesma palavra do livro. E nunca se cansar.
É como desistir de seguir em linha reta, e pôr sempre o mesmo pé em cima do mesmo lugar. É como movimentar a bandeira branca repetidamente enquanto é dia, e alumiar artificialmente a noite para trazer o dia de volta. É como querer acordar todos os dias do mesmo jeito, sem mudar um caneco da rotina.
Fazer tudo igual é querer não evoluir por dentro. É planejar minunciosamente a sua vida e não deixar que nada de errado aconteça. É saber que não acontecerão as supresas que adornam os dias. É espantar as pessoas ao seu redor.
É como se fosse até o fim da linha forçando a mesmice a parecer variada, para tornar o chato divertido.